Miró, figuras na noite
Ela queria muito que ele lhe perguntasse se queria ir ver o mar. E queria que ele também lhe dissesse que já o desejava há muito tempo. E queria responder-lhe vamos agora, ou vamos quando quiseres, ou sempre que quiseres, porque não quero outra coisa. Ou dizer-lhe já devíamos ter ido, já devias ter falado nisso, estivemos a perder tempo.
E depois saíam os dois, no carro dele, porque assim é que deve ser.
É ele que a conduz, que os conduz.
Ela não lhe disse que o sitio para onde a leva é a praia onde ela tanto queria ir, nunca lhe falou desse lugar mágico, onde busca o sossego, nem lhe contou as histórias que lá viveu, o que sentiu ou o que sonhou.
Mas é para lá que ele a leva. Como se dela soubesse já tudo.
Hoje foram enganados pelo Inverno. O dia nasceu com ares de Primavera. Eles já não percebem se o calor que sentem é de fora, ou do sol que deles brota.
Ela saiu do carro e, ainda em silêncio, já na areia, estendeu-lhe a mão. Caminharam assim, durante muito tempo, sem falar, a sentir apenas as ondas, o mar, os dedos entrelaçados, o calor da pele dele, o calor da pele dela…
Ela gosta de o ver assim. Ele fica muito quieto, a olhar para longe. O rosto, sério e meigo, iluminado pelo olhar dele, pelo olhar dela…
Ela quer parar o tempo. Guardar este instante, guardá-lo a ele, sentenciar esta memória com prisão perpétua. Pára, diz-lhe ela, ainda em silêncio, não te mexas, quero-te assim, sonhado…
E ele a sentir, o calor da pele dele, o calor da pele dela…
E depois saíam os dois, no carro dele, porque assim é que deve ser.
É ele que a conduz, que os conduz.
Ela não lhe disse que o sitio para onde a leva é a praia onde ela tanto queria ir, nunca lhe falou desse lugar mágico, onde busca o sossego, nem lhe contou as histórias que lá viveu, o que sentiu ou o que sonhou.
Mas é para lá que ele a leva. Como se dela soubesse já tudo.
Hoje foram enganados pelo Inverno. O dia nasceu com ares de Primavera. Eles já não percebem se o calor que sentem é de fora, ou do sol que deles brota.
Ela saiu do carro e, ainda em silêncio, já na areia, estendeu-lhe a mão. Caminharam assim, durante muito tempo, sem falar, a sentir apenas as ondas, o mar, os dedos entrelaçados, o calor da pele dele, o calor da pele dela…
Ela gosta de o ver assim. Ele fica muito quieto, a olhar para longe. O rosto, sério e meigo, iluminado pelo olhar dele, pelo olhar dela…
Ela quer parar o tempo. Guardar este instante, guardá-lo a ele, sentenciar esta memória com prisão perpétua. Pára, diz-lhe ela, ainda em silêncio, não te mexas, quero-te assim, sonhado…
E ele a sentir, o calor da pele dele, o calor da pele dela…
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