Tuesday, June 24, 2008

pois...

«Para a maioria dos membros de uma organização,
o mais simples é não pensar,
não criticar abertamente,
não tomar nenhuma iniciativa,
não propor nada
e fingir que se adere ao discurso oficial,
muito simplesmente para viver em paz,
conservar o seu emprego
e manter boas relações com os colegas.
O que importa, então,
é ter o menos possível de aborrecimentos
e investir o mínimo de energia no trabalho,
para a poder empregar noutros sectores da existência.
De facto, só um actor social suicida
poderia estabelecer como linha de conduta
a procura constante de compreender
e dizer como se passam as coisas,
perseguir encarniçadamente as incoerências.


Philippe Perrenoud (1992), A organização, a eficácia e a mudança, realidades construídas pelos actores.

mercy

Ontem, quando cheguei à escola, estava a ouvir no rádio uma música engraçada. Duffy, com Mercy. Não consegui acabar de a ouvir, porque estava a ser chamada pela obrigação de vigiar uma prova de exame de Matemática, longa, muito longa, demasiado longa...
Matemáticas à parte, já à tarde, ao sair da escola, liguei o carro e ouvi... a mesma música. É gira. Muito gira. Dispõe bem. E precisamos todos de alguma coisa que disponha bem...
Cá vai. Para animar!

Wednesday, June 18, 2008

cada lugar teu



Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num dsfgds gsó

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Mafalda Veiga

Sunday, June 15, 2008

a menina que queria voar





Um dia, uma menina disse assim:
- Quero voar.
E um a migo dela, com quem ela estava a brincar respondeu-lhe:
- Voar é para os pássaros.
E disse a menina
- Eu tenho a certeza de que era capaz. Se treinasse muito, tenho a certeza de que era capaz.
E respondeu-lhe o amigo:
- Capaz eras, mas tinhas de treinar para aí, para aí uns trezentos anos.
- Trezentos anos? Ora bolas, daqui a trezentos anos já estou muito velha para voar. Sei lá onde estou daqui a trezentos anos! Eu queria voar era já.
- Sem te treinares?
- E os aviões, treinam-se? Não se treinam… Mal estão acabados de fazer começam logo a voar.
- Ah, mas os aviões são conduzidos por um piloto. E o piloto treina-se.
- Isso é verdade. Mas os pássaros, por exemplo, não se treinam e sabem voar.
- Ai isso é que se treinam, vão para o campo treinar-se. É por isso que se diz “um campo de treinos”. Os pássaros começam com o salto em altura, depois treinam o salto em comprimento, depois o salto em largura, depois o salto à vara, e a seguir vai-se tirando a vara aos bocadinhos, sem eles repararem e pronto, a certa altura já sabem voar, os pássaros. Bom, nota que com as pessoas é muito mais complicado do que com os pássaros. Para já não temos asas.
- Não temos asas mas temos braços!
- Então experimenta dar aos braços.
- Já estou a dar aos braços.
- Estás a voar?
- Não.
- Então já vês que é difícil voar.
- Ah, mas posso pôr umas asas postiças. Da próxima vez que for comer frango, não como as asas e ponho-as nos braços. Depois, dou às asas e voo.
- Não voas nada, porque os frangos não conseguem quase voar.
- Ai não? Então o que fazem?
- Sei lá o que fazem; o que é que tu achas que os frangos fazem?
- Não sei, sei lá. Andam para ali sem fazer nada.
- Pois é, os frangos não voam.
- Pois é. Realmente se eu quiser voar, o melhor é eu apanhar um avião. Dá menos trabalho.
- Pois dá. Eu ando a juntar um escudo por semana para dar a volta ao mundo de avião.
- Um escudo por semana? Por esse andar nem daqui a trezentos anos tens dinheiro que chegue para isso.
- Tenho, tenho. Daqui a trezentos anos tenho…

Sérgio Godinho, em "A Caixa". Ilustrações de Joana Quental

espera


Fotografia de Telmo Freitas


Podia sentar-me, a esperar-te...

Sunday, June 8, 2008

sweet about me

Sente-se gosto a Verão. Os fins de tarde convidam a passeios a pé. E há músicas que nos acompanham, que apetece trautear, que transmitem leveza...

Sweet about me, lá lá lá lá lá lá...

Gabriella Cilmi, "Sweet About Me"

Tuesday, June 3, 2008

festejar


O céu podia ser sempre rasgado por rastos de luz. Bastava festejar cada momento bom...

Monday, June 2, 2008

relva


Algumas imagens deviam ter cheiro. É assim com esta. Porque vale a pena sentir o cheiro de relva acabada de cortar...
Hoje cortei a relva.
E depois deliciei-me a caminhar sobre ela com os pés descalços. Que bem soube...
A vida está mesmo carregadinha de coisas boas!