
William Blake, O ancião dos dias
A letra de Deus nem sempre á decifrável e ninguém conhece a língua em que escreveu a alma humana. Às vezes, a gente julga que as palavras chegam para esclarecer a vida mas, hoje, estou certo de que muitas coisas permanecem por detrás de palavras que ainda não foram feitas e outras, por detrás de palavras de que perdemos o uso.
(...)
Tudo me leva a crer que as marcações que nos deram para o desempenho da vida passam ao lado do caminho por onde os nossos afectos continuam a fluir conforme o que está escrito no mapa oculto do ser humano. Pressinto que continuamos fora do essencial e que as razões das circunstâncias - que, muitas vezes, são poderosas e reais - só servem para nos afastar dos enigmas que estão à frente das coisas e que nos caberia decifrar. Porque, algumas vezes, até parece que a simplicidade emana do andamento da vida e que bastaria um pequeno gesto de espírito para passarmos para o lado de lá de tantas incomodidades que nos fazem viver como se tivéssemos calçado dois números abaixo da forma da alma.
(...)
António Alçada Baptista, in "O Riso de Deus"
4 comments:
Olá:
Esse "Deus" que ninguém conhece ou entende, ou melhor, que muitos não conhecem ou entendem (eu não me incluo nesse grupo), não é mais do que a própria vida, a própria existência.
A questão fundamental é saber viver.
É saber aceitar a vida e as suas condicionantes... ainda que sempre lutando por melhores "dias".
É saber realtivizar as coisas e, sobretudo, viver em paz consigo próprio... com a sua consciência.
É saber, ao deitar, desligar o "interruptor" e aproveitar a noite para recuperar para um novo dia.
Digamos que é fazer o contrário daquilo que, infelizmente, é normalmente feito.
Na certeza de que esta atitude não muda a realidade... bem pelo contrário.
A paz esteja contigo.
Um terno beijo,
Por falar nisso, se Deus é a justificação última para a origem da existência... quem é que criou Deus?
Olá José Alberto! Não sei responder à tua pergunta.
Para mim, Deus é o que está em cada um de nós, a capacidade que temos de transformar a nossa vida num conjunto de momentos extraordinários, o que somos capazes de fazer para não vivermos "como se tivessemos calçado dois números abaixo da forma da alma"...
E esse, somos nós que criamos... Só depende de cada um de nós.
:) muito interessante este pensamento.
Para mim nao fala tanto em Deus como parece.
Fala dos enigmas e misterios da Alma,que existem em nós e as quais nao nos apercebemos nem keremos porque nos assustam, e passam sim, ao lado das circunstancias e do Material.
Se todos tentassemos consciencializar-nos mais um pouco do que realmente temos e somos na nossa essencia, e íntimo, seríamos muito mais felizes e nao dariamos tanta importancia ào que dizem as palavras... e sim, no que elas nao dizem.
Olá Ana!Que bom teres passado por cá, minha amiga tão boa... E que bom comentário aqui deixas. Que bem percebeste a mensagem...
Beijos.
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